“Santifica-os na verdade; a tua
palavra é a verdade.” (João 17:17)
Todos nós sabemos o
que significa uma faxina numa casa. Sentimos-nos bem melhor com o ambiente
limpo, bem cuidado, perfumado e arejado. Há, porém, pessoas que dão pouca
importância a esse tipo de trabalho, até mesmo porque se acostumaram à
ambientes carregados e pouco cuidados. Mas as mulheres, em especial, sabem o
que significa uma faxina completa, aquela de final de ano, quando se revira
todos os cantos da casa, descarta-se todo tipo de material imprestável ao uso,
etc. Separa-se para descarte, por exemplo: uma cadeira com uma das pernas
quebradas, um aparelho doméstico que não funciona bem, uns livros usados e
desatualizados, velhas agendas recheadas de anotações e papéis (na verdade, as
anotações deveriam estar na agenda e não nos papéis encontrados no seu
interior), algumas panelas queimadas e em desuso, uns pratos e copos com bordas
trincadas, umas toalhas e peças de roupas desgastadas, canetas e pincéis
ressecados, e outros objetos mais. Pois bem! A faxina de final de ano começa e
termina assim. A dona de casa verá, finalmente, que ganhou mais espaço e sentir-se-á feliz e
realizada, MAS, antes que tais objetos sejam descartados e recolhidos em
definitivo, pode acontecer que a dona de casa, tomada pelo sentimento de posse
e apego, refletirá: será que aquela cadeira faltando uma perna não poderá ser
recuperada? Sim, vou retorná-la para seu antigo lugar. E aquele aparelho
doméstico que não funciona bem pode ser consertado? Sim, o retomarei de volta.
E os livros desatualizados? Poderão ser úteis, ainda? Acho que sim. Os
colocarei de volta na estante da sala. E as agendas? Parecem-me úteis na medida
em que tenho tantas anotações nelas, por isso, as pegarei de volta. E os pratos
e copos trincados? Quem sabe poderão me fazer falta. Quero-os de volta. Peças
de roupas desbotadas? Que nada! Posso usá-las mesmo assim quando estiver na
chácara. Finalmente, os pincéis e canetas ressecados. Tentarei recarregá-los
com tinta para ver se os aproveito um pouco mais. Parece-nos engraçada esta
história, mas vejo que ela se repete a cada ano. É que, sob o ponto de vista da
vida cristã, fazemos isso também. Ao findar cada ano fazemos um balanço do que
nos ocorreu e projetamos muito para o ano vindouro. Reconhecemos que faltou-nos
mais dedicação à obra de Deus e nos propomos ser mais diligentes no ano
seguinte. Pecados e falhas que cometemos durante todo o ano, prometemos não repeti-los
no próximo ano. Reconsagramos diante do altar nossas vidas e nossos bens para
dedicá-los ao serviço do Senhor. Até choramos diante das mensagens e apelos que
ouvimos nas pregações de final de ano. Afinal, prometemos santificar ao Senhor
tudo o que temos e que somos com promessas de obediência e santa submissão. Queremos
ser “santos”, fazendo uma varredura de todos os arquivos e componentes da mente
e coração “mandando prá lixeira”, ainda que provisoriamente, tudo o que
reconhecemos desagradar a Deus, quando, na verdade, deveríamos “deletá-los” de
imediato. O "reveillon da
santidade" se repete a cada ano, contudo, antes mesmo que deletemos (por
completo) as coisas que desagradam a Deus, logo, estamos nós, nos primeiros
meses do novo ano, repetindo as mesmas coisas que retiramos do compartimento
chamado “mente e coração”. Estamos como que revirando a “lixeira” para
recuperar o que deveríamos jogar fora. Por isso, devemos cuidar para que não
venhamos ser encontrados assim. A santificação é um processo que dura por
toda a vida e que deve ser o alvo de todo cristão. Constante santificação deve
ser o nosso objetivo. O apóstolo Paulo, escrevendo ao jovem Timóteo o
recomenda:“Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor
e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor” (II Tm 2:22). E, ainda: “Assim,
pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para
honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa
obra” (II Tm 2:21). Como se vê, a santificação implica em renúncia aos
pecados e erros que cometemos a cada dia. Só estaremos preparados para a boa
obra que o Senhor nos reservou se estivermos puros diante de Deus, como
utensílios e vasos de honra. É natural
que façamos, a cada final de ano, uma reflexão, porém, nossas atitudes devem
ser mudadas para melhor. E que Deus tenha misericórdia de nós, para que não nos acostumemos com o ambiente inóspito que desagrada ao Senhor. Pb. Hely